O grande ão

Há um ano—12 meses—52 semanas—365 dias—um monte de horas—enfim, um tempo, em que minha vida mudou. Comemorei um ano de trabalho “novo”. 13 de setembro. Que loucura.

Dizem que pequenas escolhas diárias nos levam a um ano drasticamente diferente. Eu acreditava que quem dizia isto não entendia o fenômeno humano chamado “procrastinação”. Não procrastina? Feliz por você. Eu não faço parte deste grupo. Talvez um dia faça. No entanto, nós mortais, acreditamos no amanhã. Este amanhã icônico em que a animação mora e o tempo é infinito. Acordo todo o dia lembrando de que este amanhã não foi hoje, pois se fosse eu teria acordado mais cedo. A realidade foi virar de lado e fuçar o celular procurando nele a coragem para enfrentar a lista de coisas que vou dizer para mim mesma que consigo completar até o final do dia. Afirmações diárias. Um dia vai. Aí ao longo deste outro hoje, penso nos amanhãs vividos.

Os amanhãs do ano passado foram cheios. O tempo parecia nunca acabar! Tempo para estudar, malhar, boxear, “iogar” e ainda pintar! Muitos ares e dedicação para conciliar todo. Dedicação natural—sem esforço. Questiono constantemente como estes amanhãs voltaram ao tempo dos hojes.

Procrastinação. Não esperou por esta, né? Foi uma resposta inesperada, reconheço. Te darei um tempinho para digerir.

…

Não, não estou procrastinando!

…

Pessoas acreditam que este fenômeno é enraizado na preguiça, mas não é verdade. É enraizado na vontade de ter muitos ares. Tantos “ares” que procrastinam o grande ão. A ação. Pensar em tudo que “temos que fazer” ou “queremos fazer” faz com que nos cansemos antes de agir! É tanta coisa que fica mais fácil agir de última hora quando não há tempo para pensar. Desligar. Talvez seja esta a solução.

Um ano atrás eu aprendi a agir. Pensar um pouco menos e começar um pouco mais. Não aperfeiçoei a técnica ainda, mas me tornei uma do grupo dos pregadores das famosas pequenas escolhas. Eu quero; eu trabalho; eu conquisto. Bem vindos a minha nova jornada, nova casa, novos hábitos e novos ãos.